Visão parcial da capa de uma das edições do Jornal Diário da Manhã, do Recife, PE, fundado em 1927. |
HISTÓRICO
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Carlos de Lima Cavalcanti |
Feita a Revolução de 30, com a
ajuda de Washington Luís, todo o comando político sofreu transformações, e
em Pernambuco tornou-se interventor do Estado o Sr. Carlos de Lima
Cavalcanti, em razão, naturalmente, do seu prestígio no Estado, da sua
amizade pessoal com o chefe da Revolução Getúlio Vargas, e também em função
da luta que travara, à frente do
Diário da Manhã
, em apoio ao movimento
vitorioso.
Passados
os primeiros anos da Revolução, verificava-se, entretanto, uma certa
resistência de Vargas no sentido de cumprir as promessas de convocar uma
constituinte, uma vez normalizada a vida nacional, o que, aliás, já se
normalizara. Por isso que iria eclodir, em 1932, a chamada Revolução
Constitucionalista, com seu núcleo de resistência em São Paulo e que os
historiadores admitem ter sido motivada pela política de “café com leite”,
ou seja, da briga entre Minas e São Paulo pela hegemonia do Poder.
Vitorioso
o Governo contra os revolucionários de 32, estava claro que a vitória
governista tivera sentido puramente material, constituindo, na verdade uma
derrota moral do regime chefiado por Getúlio.
Tanto é
que, dois anos depois, Vargas começa a adotar providências para que o país
viesse a ter sua constituição.
Promulgada
em 1934, a nova Constituição da República não estava nos planos do governo
Vargas, que com ela concordara por pressões morais, porém em nenhum momento
abandona seu projeto de perpetuar-se no poder. Tanto é que, mais tarde,
tentaria prorrogar o mandato dos deputados classistas, que fizeram a
constituição de 34 e com que Getúlio ainda pretendia contar para o projeto
político da sua reeleição.
Insurgindo-se contra essa
idéia, o fundador do
Diário da Manhã
, Carlos de Lima Cavalcanti,
também no cargo de interventor do Estado, fez publicar no seu jornal a
manchete que dizia: PRORROGAÇÃO DE MANDATO É USURPAÇÃO DOS DIREITOS DO POVO.
Diante de tal procedimento, de
flagrante dissensão com o projeto político do amigo Getúlio Vargas, viu-se
Carlos de Lima perseguido, ao invés de prestigiado como antes. Dirigindo-se
ao Rio de Janeiro, o Sr. Agamenon Magalhães, numa visita ao Catete, mostrou
a Getúlio a edição do
Diário da Manhã
com a manchete que desagradava
ao governo, temperada pelo comentário sarcástico de Agamenon sobre a
inesperada posição de Lima Cavalcanti.
No dia
seguinte, Getúlio Vargas manda a Carlos de Lima Cavalcanti o Coronel
Azambuja, com bilhete:”Peço passar o cargo de Interventor de Pernambuco ao
Coronel Azambuja”. Sem esperar o seu substituto, o Sr. Carlos de Lima
Cavalcanti retirou os pertences pessoais das gavetas do seu gabinete e
deixou o Palácio das Princesas, praticamente deposto.
O passo seguinte da
perseguição contra o
Diário da Manhã
, fechado pela polícia, com o
advento do Estado Novo, projeto do Sr. Getúlio Vargas que encontrou forte
oposição dos Lima Cavalcanti.
O
Diário da Manhã
não era importante apenas por
sido na sua época, um dos mais modernos jornais do país e também o de maior
circulação no Norte e Nordeste. Sua importância era, também, por ser ponto
de encontro das principais lideranças políticas da Região, sobretudo de
Pernambuco. Dali saiu o político paraibano João Pessoa, acompanhado do
correligionário, para a Confeitaria Glória, na Rua Nova, onde seria
assassinado minutos após.
As coleções do
Diário da
Manhã constituem
verdadeiros repositórios de informações sobre a história política
brasileira, e não só: também as duas guerras mundiais e outros movimentos
nacionais e internacionais se acham nas páginas do jornal, à disposição de
historiadores e pesquisadores.
A partir de 1962, o
Diário da Manhã achou-se sob a direção
do jornalista Heleno Fonseca Gouveia. Consideradas as distinções entre os
métodos políticos das duas épocas, vale dizer que na sua fase atual, o
Diário da Manhã
, sob a direção
do jornalista Heleno Gouveia, procurou, de certa forma, honrar a tradição
inaugurada por Carlos de Lima Cavalcanti, seu fundador. Essa tradição
repousa, principalmente, no compromisso de defender os interesses de
Pernambuco e do Nordeste sobre todo e qualquer outro.
Atento às crises econômicas
que se abateram sob a economia do país, desde vários anos, limitando o poder
de compra e, em conseqüência, afetando a disponibilidade dos elementos de
informação, criou o
Diário da Manhã
uma espécie de jornal mural,
permitindo a leitura gratuita pelo povo de suas edições, diariamente,
através de suas folhas colocadas em placas de madeiras, nos postes de
iluminação pública, em estratégicos pontos de referência da cidade.
O
Diário da Manhã tornou-se, também o
veículo preferido por aqueles obrigados a fazer publicações judiciais, em
virtudes de tabelas especiais destinadas a essas publicações. De várias
formas, cumpre o Diário da
Manhã um
compromisso social com a comunidade a quem pertence.
(Fonte: Texto extraído e disponível em: http://www.diariodamanha-pe.com.br/texto/historico.html
Site do jornal: http://www.diariodamanha-pe.com.br/ |
A contra capa do primeiro caderno do Jornal Diário da Manhã do dia 07 de fevereiro de 1974. |
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