domingo, 14 de setembro de 2014

Recife - PE > Jornal "Diário da Manhã", fundado em 16 de abril de 1927. Edição do dia 07/02/1974. Ano XLVI - Número 5.789

Visão parcial da capa de uma das edições do Jornal Diário da Manhã, do Recife, PE, fundado em 1927.

HISTÓRICO

Carlos de Lima Cavalcanti
 O Diário da Manhã foi fundado em 16 de Abril de 1927 pelos irmãos Carlos e Caio de Lima Cavalcanti. Mas quem se destaca tanto na história do jornal como da própria política da época é Carlos de Lima Cavalcanti, líder inconstente em Pernambuco. Vinha o Diário da Manhã contribuir com o movimento que redundaria da Revolução de 30, chefiada por getúlio Vargas, de quem os Lima Cavalcanti eram correligionários. Batia-se, então, o novo jornal, pela mudança dos métodos políticos, pugnando pela derrubada das oligarquias, tudo isso, aliás, pertence ao programa dos revolucionários.
Feita a Revolução de 30, com a ajuda de Washington Luís, todo o comando político sofreu transformações, e em Pernambuco tornou-se interventor do Estado o Sr. Carlos de Lima Cavalcanti, em razão, naturalmente, do seu prestígio no Estado, da sua amizade pessoal com o chefe da Revolução Getúlio Vargas, e também em função da luta que travara, à frente do Diário da Manhã , em apoio ao movimento vitorioso.
Passados os primeiros anos da Revolução, verificava-se, entretanto, uma certa resistência de Vargas no sentido de cumprir as promessas de convocar uma constituinte, uma vez normalizada a vida nacional, o que, aliás, já se normalizara. Por isso que iria eclodir, em 1932, a chamada Revolução Constitucionalista, com seu núcleo de resistência em São Paulo e que os historiadores admitem ter sido motivada pela política de “café com leite”, ou seja, da briga entre Minas e São Paulo pela hegemonia do Poder.
Vitorioso o Governo contra os revolucionários de 32, estava claro que a vitória governista tivera sentido puramente material, constituindo, na verdade uma derrota moral do regime chefiado por Getúlio.
Tanto é que, dois anos depois, Vargas começa a adotar providências para que o país viesse a ter sua constituição.
Promulgada em 1934, a nova Constituição da República não estava nos planos do governo Vargas, que com ela concordara por pressões morais, porém em nenhum momento abandona seu projeto de perpetuar-se no poder. Tanto é que, mais tarde, tentaria prorrogar o mandato dos deputados classistas, que fizeram a constituição de 34 e com que Getúlio ainda pretendia contar para o projeto político da sua reeleição.
Insurgindo-se contra essa idéia, o fundador do Diário da Manhã , Carlos de Lima Cavalcanti, também no cargo de interventor do Estado, fez publicar no seu jornal a manchete que dizia: PRORROGAÇÃO DE MANDATO É USURPAÇÃO DOS DIREITOS DO POVO.
Diante de tal procedimento, de flagrante dissensão com o projeto político do amigo Getúlio Vargas, viu-se Carlos de Lima perseguido, ao invés de prestigiado como antes. Dirigindo-se ao Rio de Janeiro, o Sr. Agamenon Magalhães, numa visita ao Catete, mostrou a Getúlio a edição do Diário da Manhã com a manchete que desagradava ao governo, temperada pelo comentário sarcástico de Agamenon sobre a inesperada posição de Lima Cavalcanti.
No dia seguinte, Getúlio Vargas manda a Carlos de Lima Cavalcanti o Coronel Azambuja, com bilhete:”Peço passar o cargo de Interventor de Pernambuco ao Coronel Azambuja”. Sem esperar o seu substituto, o Sr. Carlos de Lima Cavalcanti retirou os pertences pessoais das gavetas do seu gabinete e deixou o Palácio das Princesas, praticamente deposto.
O passo seguinte da perseguição contra o Diário da Manhã , fechado pela polícia, com o advento do Estado Novo, projeto do Sr. Getúlio Vargas que encontrou forte oposição dos Lima Cavalcanti.
O Diário da Manhã não era importante apenas por sido na sua época, um dos mais modernos jornais do país e também o de maior circulação no Norte e Nordeste. Sua importância era, também, por ser ponto de encontro das principais lideranças políticas da Região, sobretudo de Pernambuco. Dali saiu o político paraibano João Pessoa, acompanhado do correligionário, para a Confeitaria Glória, na Rua Nova, onde seria assassinado minutos após.
As coleções do Diário da Manhã constituem verdadeiros repositórios de informações sobre a história política brasileira, e não só: também as duas guerras mundiais e outros movimentos nacionais e internacionais se acham nas páginas do jornal, à disposição de historiadores e pesquisadores.
A partir de 1962, o Diário da Manhã achou-se sob a direção do jornalista Heleno Fonseca Gouveia. Consideradas as distinções entre os métodos políticos das duas épocas, vale dizer que na sua fase atual, o Diário da Manhã , sob a direção do jornalista Heleno Gouveia, procurou, de certa forma, honrar a tradição inaugurada por Carlos de Lima Cavalcanti, seu fundador. Essa tradição repousa, principalmente, no compromisso de defender os interesses de Pernambuco e do Nordeste sobre todo e qualquer outro.
Atento às crises econômicas que se abateram sob a economia do país, desde vários anos, limitando o poder de compra e, em conseqüência, afetando a disponibilidade dos elementos de informação, criou o Diário da Manhã uma espécie de jornal mural, permitindo a leitura gratuita pelo povo de suas edições, diariamente, através de suas folhas colocadas em placas de madeiras, nos postes de iluminação pública, em estratégicos pontos de referência da cidade.
O Diário da Manhã tornou-se, também o veículo preferido por aqueles obrigados a fazer publicações judiciais, em virtudes de tabelas especiais destinadas a essas publicações. De várias formas, cumpre o Diário da Manhã um compromisso social com a comunidade a quem pertence. 
(Fonte: Texto extraído e disponível em: http://www.diariodamanha-pe.com.br/texto/historico.html

Site do jornal: http://www.diariodamanha-pe.com.br/
A contra capa do primeiro caderno do Jornal Diário da Manhã do dia 07 de fevereiro de 1974.

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